Holofote
Thaís Macedo fala sobre cenário feminino do pagode e celebra parceria com Ferrugem: “Graças à minha cara de pau”

Se você tá ligadinho na programação da FM O Dia, certamente já ouviu a música “Viver Só”, de Thaís Macedo em parceria com Ferrugem. O feat, cujo clipe conta com mais de 1 milhão de visualizações no Youtube, surgiu de um momento de coragem de Thaís, que usou a expressão “cara de pau” pra resumir a forma como convidou o pagodeiro para a gravação.
“O convite pro Ferrugem? Graças à minha famosa cara de pau, porque eu não tinha, assim, muita intimidade, nem uma relação de amizade, no dia a dia, com o Ferrugem. Era um cara que eu admirava e que eu sonhava, e que na primeira oportunidade, eu falei: ‘Ferrugem, grava comigo’”.
THAÍS MACEDO
Em entrevista exclusiva, a cantora falou, ainda, sobre o cenário feminino do pagode e abordou a importância de dar espaço aos novos artistas do segmento. Como um desses nomes, afirmou se sentir abraçada por personalidades como Mumuzinho, Zeca Pagodinho e Marvvila.
Confira a entrevista completa:
Holofote: Thais, sua parceria com o Ferrugem, “Viver Só”, tá com tudo aqui na programação e tá crescendo nas plataformas também. Qual era a sua expectativa pra essa música?
Thais: A minha expectativa era a melhor possível pra “Viver Só”. Primeiro por ter um feat com o Ferrugem, que é um ídolo e é um cara genial, e depois porque é uma música que desde o início eu acreditei muito. Foi uma música que chegou aos 45 do segundo tempo no projeto, a gente já tava com o repertório praticamente fechado.
E eu mandei uma mensagem pra Aylla, que é uma das compositoras. Quando ela me mandou, eu amei de cara, e tava ali esperando o Ferrugem topar ou não gravar comigo e eu tinha certeza, assim, alguma coisa dizia dentro de mim que a música era essa e o Ferrugem topou, e deu no que deu. Viver Só tá aí, tá na rua, tá ganhando os corações de todos, graças a Deus, e eu tô muito feliz, assim. Tá atendendo todas as minhas expectativas, sendo até melhor do que eu imaginei.
Holofote: E como surgiu esse convite?
Thais: O convite pro Ferrugem? Graças à minha famosa cara de pau, porque eu não tinha, assim, muita intimidade, nem uma relação de amizade, no dia a dia, com o Ferrugem. Era um cara que eu admirava e que eu sonhava, e que na primeira oportunidade, eu falei: Ferrugem, grava comigo. A gente tava juntos em São Paulo, participando de um projeto e eu já tava ali com a minha autoestima maravilhosa porque eu tinha passado o dia com o Ferrugem, Péricles, Bruno do Sorriso, a Marvvila e eu gravando. Então eu já tava assim, né? Feliz da vida. E eu criei a cara de pau de antes dele ir embora, eu falei: “Ferrugem, pera aí que eu quero falar com você”. E nesse momento eu fiz o convite, e ele topou de cara, pra minha surpresa, então na mesma hora ele olhou a agenda e falou: “Eu tô livre, vou lá, vou cantar com você”. Fiquei felicíssima, mas ao mesmo tempo ansiosa. “Será que ele vai mesmo? Será que ele não vai?”, e aí no dia da gravação, antes de começar a gravação, ele já chegou lá e eu fiquei aliviada e explodindo de alegria por tê-lo comigo nesse projeto que é um presente pra Thaís Macedo enquanto pessoa, pra Thaís Macedo enquanto artista que tá começando essa caminhada no pagode. Tê-lo comigo é um privilégio.
Holofote: Você se sente abraçada pelo segmento? Se você tivesse que citar artistas que te estenderam a mão, quais seriam e por quê?
Thais: Olha, eu me considero uma pessoa de sorte porque, desde que eu cheguei no Rio, eu sou do interior, eu fui, sim, abraçada por vários artistas e eu tenho muita gratidão. Eu tento sempre retribuir a generosidade de todas as pessoas que cruzaram com meu caminho, fazendo isso também pra pessoas que estão começando e, de alguma maneira, me pedem ajuda. Me sinto nessa obrigação, porque eu tive o prazer de ter o Arlindo me abraçando, o Arlindinho me abraçando, e me acolhendo nos palcos, o próprio Zeca, Jorge Aragão, enfim. Tantos nomes que eu sou fã. O mumuzinho, né? Já gravou comigo. Os meninos do Caju [Pra Baixo]. A Marvvila gravou comigo, então eu sou muito, muito grata por ter tido todas essas experiências, essa troca com tantos artistas que eu admiro, que eu sou fã.
Holofote: E você também grava com artistas que tão chegando agora, né? O Kaiquy esteve aqui e falou sobre ter gravado com você.
Thais: Exatamente o que eu acabei de falar, né? Como tantas pessoas me ajudaram e foram generosas comigo, eu me sinto na obrigação de ser generosa e de retribuir, de alguma forma na vida de outras pessoas e fazer a minha parte, a minha pequena contribuição. Às vezes eu acho que um pequeno gesto, que pra um artista pode não ser nada demais, muda, transforma a vida de uma outra pessoa. E eu acho isso muito importante.
Holofote: A gente vê que o pagode feminino cresceu muito de uns tempos pra cá. Mas pra você, falta alguma coisa ainda?
Thais: Faltam muitas coisas. Eu acho que o fato de ter mulheres ocupando espaço na cena, isso já é um primeiro grande passo. Eu até brinquei no estúdio que tava tocando a minha música, depois tocou a da Marvvila, depois entrou a Ludmilla, então você tem uma sequência de mulheres. Isso é muito importante nesse momento, que a cena tá começando a se formar, tá começando a ganhar corpo, e o pagode ainda é um gênero muito predominado por homens. Homens que eu sou fã, que eu admiro, que nos abrem as portas, que também nos abraçam, mas eu quero ver cada vez mais mulheres. Eu não quero chegar num festival e ser a única do line. Eu não quero chegar numa rádio e ser a única num projeto com vários homens, eu quero ver outras mulheres brilhando também, e somando, pra que as coisas se tornem cada vez mais equilibradas. Homens e mulheres brilhando.